Gerenciamento de Fatores de Riscos Psicossocial

Gerenciamento dos riscos

Gerenciar os riscos psicossociais é um processo contínuo e multifacetado, que requer uma abordagem sistemática e integrada na gestão de uma organização. O objetivo é criar um ambiente de trabalho saudável e sustentável, onde o bem-estar dos colaboradores seja prioridade.
A seguir, um guia passo a passo sobre como gerenciar eficazmente os riscos psicossociais:

1. Compromisso da Liderança e Formação de Equipe 🤝

  • Comprometimento da Alta Direção: A gestão de riscos psicossociais deve ser uma prioridade estratégica, com o apoio visível e ativo da liderança. Sem esse compromisso, qualquer iniciativa pode falhar.
  • Formação de uma Equipe Multidisciplinar: Reúna representantes de diferentes áreas (RH, Segurança do Trabalho, Saúde Ocupacional, gestores de equipe, sindicato, CIPAA) para garantir uma visão abrangente e diversificada.
  • 2. Identificação dos Riscos Psicossociais (Inventário de Riscos - PGR) 🔎

    Esta é a fase de reconhecimento dos perigos potenciais.

    • Pesquisas e Questionários: Aplicação de ferramentas validadas (como o Copenhagen Psychosocial Questionnaire - COPSOQ, ou questionários internos adaptados) para coletar a percepção dos colaboradores sobre fatores de risco (carga de trabalho, autonomia, apoio social, etc.).
    • Entrevistas e Grupos Focais: Conversas diretas com trabalhadores para aprofundar a compreensão sobre suas experiências e desafios.
    • Análise de Dados Existentes:
      • Taxas de Absenteísmo e Rotatividade: Indicadores que podem sinalizar problemas psicossociais.
      • Queixas e Conflitos: Registros de assédio, conflitos interpessoais, queixas de estresse.
      • Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais: Alguns podem ter uma origem psicossocial.
      • Resultados de Exames Médicos Ocupacionais (PCMSO): Aumento de queixas de estresse, ansiedade, depressão.
    • Observação Direta: Avaliar o ambiente de trabalho, as interações e as práticas de gestão.
    • Análise Ergonômica do Trabalho (AET): A NR-17 já aborda aspectos organizacionais que impactam a saúde mental, como ritmo, jornada, conteúdo das tarefas, que são fundamentais para identificar riscos psicossociais.

    3. Avaliação dos Riscos Psicossociais (Avaliação de Riscos - PGR) 📊

    Após identificar os riscos, é preciso avaliar a probabilidade de ocorrerem e a gravidade de seus potenciais danos.

    • Priorização: Determine quais riscos são mais urgentes ou impactantes para a saúde e bem-estar dos trabalhadores e para a organização.
    • Impacto na Saúde: Avalie o potencial de cada fator de risco causar estresse, burnout, ansiedade, depressão e outras condições de saúde física e mental.
    • Impacto Organizacional: Considere como esses riscos afetam a produtividade, a qualidade do trabalho, o clima organizacional, o absenteísmo e a rotatividade.
    • Conformidade Legal: Verifique se as práticas da empresa estão em conformidade com as NRs (especialmente NR-1, NR-17 e NR-07) e outras legislações pertinentes.

    4. Desenvolvimento e Implementação de Medidas de Controle (Plano de Ação - PGR) 🚧

    As medidas devem focar na eliminação ou minimização dos riscos. Podem ser classificadas em três níveis:

    1. Ações Primárias (na fonte - mais eficazes): Focam na organização do trabalho e na cultura.

  • Redesenho de Tarefas e Cargos: Promover maior autonomia, variedade, significado e feedback.
  • Gestão da Carga de Trabalho: Distribuir tarefas de forma equitativa, garantir prazos realistas e evitar sobrecarga ou subcarga.
  • Definição Clara de Funções e Responsabilidades: Reduzir a ambiguidade e o conflito de papéis.
  • Comunicação Efetiva e Transparente: Melhorar o fluxo de informações e o feedback.
  • Desenvolvimento de Lideranças: Treinar gestores para liderar com empatia, oferecer apoio, gerenciar conflitos e reconhecer o esforço.
  • Promoção do Equilíbrio Vida-Trabalho: Incentivar horários flexíveis, desconexão digital, licenças e férias adequadas.
  • Cultura de Respeito e Inclusão: Combater assédio, discriminação e promover a diversidade.
  • Oportunidades de Desenvolvimento: Oferecer treinamentos, capacitações e planos de carreira.
  • 2. Ações Secundárias (no indivíduo - preventivas): Focam no fortalecimento das capacidades dos trabalhadores.

  • Treinamentos: Gerenciamento de estresse, inteligência emocional, comunicação não-violenta, resiliência.
  • Programas de Bem-Eestar: Incentivo à atividade física, alimentação saudável, mindfulness.
  • Aconselhamento e Apoio Psicológico: Disponibilizar canais de suporte confidencial (como Programas de Apoio ao Empregado - PAE).
  • 3. Ações Terciárias (pós-evento - reabilitação): Focam na minimização dos danos após a ocorrência.

  • Programas de Retorno ao Trabalho: Apoio para trabalhadores que se afastaram por problemas de saúde mental, facilitando a reintegração.
  • Acompanhamento Psicológico e Médico: Para trabalhadores afetados por estresse ou outras condições relacionadas ao trabalho.
  • 4. Monitoramento e Revisão

    O gerenciamento de riscos é um ciclo, não um evento único.

  • Indicadores de Desempenho: Acompanhe métricas como absenteísmo, rotatividade, resultados de pesquisas de clima, uso de serviços de apoio, taxa de acidentes e doenças.
  • Avaliações Periódicas: Refaça as pesquisas de risco psicossocial e as análises para verificar a eficácia das medidas implementadas.
  • Feedback Contínuo: Mantenha canais abertos para que os trabalhadores possam relatar novas preocupações ou sugerir melhorias.
  • Ajuste de Plano: Com base nos resultados do monitoramento, revise e atualize o plano de ação, adaptando-o às novas realidades e desafios.
  • Considerações Finais

  • Participação dos Trabalhadores: É fundamental envolver os trabalhadores em todas as etapas, desde a identificação até a implementação das soluções. Isso aumenta a aceitação e a eficácia das medidas.
  • Confidencialidade: Garanta a confidencialidade das informações coletadas para encorajar a honestidade e a participação.
  • Cultura de Segurança Psicológica: Promova um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para expressar preocupações sem medo de retaliação.
  • Ao adotar essa abordagem estruturada, as organizações não apenas cumprem com suas obrigações legais (como as previstas pela NR-1), mas também constroem um ambiente de trabalho mais humano, produtivo e resiliente. 🌟

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    Por que precisarei de um software?

    Porque é humanamente impossível fazer o gerenciamento de todas as etapas de forma manual. Além de enviar os questionários, fazer entrevistas e testes, será necessário uma boa gestão do monitoramento tendo que acompanhar continuamente as ações implementadas e reavaliar sua eficácia para garantir que os riscos sejam reduzidos ou eliminados ao longo do tempo.